Fumantes podem ter até quatro vezes mais complicações nas cirurgias
Além dos malefícios já conhecidos, alerta-se que o hábito de fumar pode interferir no pré e no pós-operatório
Os prejuízos que o fumo causa à saúde são motivos de intensos debates e campanhas para diminuir o número de fumantes em todo o mundo.
No Brasil, os últimos eventos contra o tabagismo até que surtiram algum efeito, pois recente pesquisa da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) aponta que houve uma queda, e que pela primeira vez o País apresenta menos de 15% de fumantes, exatamente 14,8%.
A notícia é relevante, porém especialistas afirmam que esse porcentual precisa cair mais, uma vez que o tabagismo pode causar outros danos, além daqueles já disseminados, como o câncer e envelhecimento precoce, por exemplo.
Pesquisadores americanos afirmam que fumantes podem ter complicações respiratórias pós-cirúrgicas e maior dificuldade para a cicatrização.
O fumo leva ao aumento da produção de radicais livres, desencadeando uma reação de oxidação – o que proporciona o envelhecimento precoce. “Além da produção de radicais livres, cada cigarro leva a um período de diminuição no calibre dos vasos sanguíneos, aporte de oxigênio e nutrientes na região da pele. Alguns estudos apontam um aumento de até quatro vezes o número de complicações e intercorrências em decorrência do tabagismo, especialmente no aparelho respiratório, necrose e cicatrização da área operada”.
Nos casos em que se realizam cirurgias com amplos descolamentos, a tendência é de haver um risco maior de comprometimento do processo de cicatrização. Isso pode levar ao surgimento de necroses teciduais, deiscências de suturas (afastamentos das partes costuradas) e de coleções líquidas, dentre outras complicações. Desta maneira, é imprescindível adequar técnicas menos agressivas, com descolamentos teciduais menores para proteger o paciente de possíveis complicações, além de aconselhá-lo a cessar o fumo no pré-operatório. “Recomenda-se parar de fumar, no mínimo, um mês antes da plástica e por tempo variável após a cirurgia. A piora na cicatrização e aumento de complicações são conhecidos por todos os médicos e o paciente que deseja realizar a cirurgia em segurança precisa estar ciente dos riscos”.
Lembra-se que o tabagismo na cirurgia plástica de nariz (rinoplastia) pode tornar a mucosa nasal mais sensível durante a fase de recuperação. Pode ainda facilitar a tosse e infecções respiratórias de maneira que aumente a pressão arterial e pode haver sangramentos e “estourar pontos” (ex: abdominoplastia, plástica de mamas, implante de mamas, etc). Na ritidoplastia (plástica ou lifting facial), o tabagismo aumenta muito a chance de necrose (morte da pele).
“Portanto, independente do tipo de cirurgia, vale a pena o esforço de parar de fumar. O tabagismo, associado à exposição solar sem proteção, constitui um fator externo que agrava, e muito, o processo de envelhecimento natural”.
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