Campanha incentiva plástica no nariz na Bolívia
Campanhas publicitárias na Bolívia estimulam cirurgia plástica (Foto: BBC Brasil)
Identidade indígena
Em vários países, cirurgias plásticas são um artigo caro, mas na Bolívia - um dos países mais pobres da América do Sul - a operação é muito barata. Algumas cirurgias para pessoas mais carentes chegam a ser totalmente subsidiadas.
As cirurgias são anunciadas em campanhas publicitárias ao redor Bolívia, com outdoors espalhados nas cidades e até mesmo com crianças distribuindo panfletos.O cirurgião boliviano Richard Herrera afirma já ter feito mais de cinco mil cirurgias do tipo, que estão se popularizando na Bolívia.No seu consultório, o jovem Juan Carlos Calamar, de 19 anos, afirma que sofre descriminação, e por isso procurou o cirurgião."Eu quero melhorar minha imagem. E também quero evitar a humilhação de ser caçoado por causa do meu nariz. É algo muito sério para mim", disse o jovem à BBC."As pessoas me discriminam muito. Eu ouço muitas pessoas dizendo: 'Lá vai o Nariz Grande'. Outros também sofrem com isso."Calamar diz que a cirurgia é feita apenas por causa dos comentários, mas não afeta sua identidade como indígena."Só meu rosto mudará. Minhas raízes e minha cultura vão se manter iguais", afirma.O cirurgião Richard Herrera, que também coordena algumas das campanhas publicitárias, defende o direito dos bolivianos de passarem pelas operações."Nós fizemos essas campanhas com o objetivo de alcançar as pessoas que não poderiam pagar normalmente por este tipo de operação. Agora elas podem, e elas sentem que precisam mudar a sua imagem", afirmou Herrera à BBC.Para o ex-ministro da Cultura da Bolívia e especialista em identidade indígena, Pablo Groux, as cirurgias plásticas como forma de mudar características étnicas são um fenômeno do mundo globalizado e há pouco que se possa fazer para combater isso."Este é um efeito do domínio do padrão de beleza ocidentalizado no mundo. Comunidades Aymara e Quéchua, que ficam nos centros urbanos, não são imunes a essas pressões."
Notícias
Jovem Juan Carlos Calamar depois da cirurgia no nariz (Foto: BBC Brasil) | Uma campanha publicitária na Bolívia está incentivando pessoas com traços indígenas a fazerem cirurgias plásticas para se livrarem de "deformidades do nariz". Algumas cirurgias são subsidiadas pelo governo e chegam a ser feitas até sem custo para os pacientes. Muitos descendentes de indígenas na Bolívia têm narizes grandes como traço característico da sua etnia, mas o atributo é considerado indesejado por alguns, que dizem sofrer com preconceito. Mas submeter-se à cirurgia, no entanto, seria desferir um golpe no "orgulho indígena" pregado pelo presidente boliviano, Evo Morales. No ano passado, o próprio Morales passou por uma cirurgia no nariz para corrigir um problema respiratório, mas se recusou a alterar sua aparência, alegando que a plástica afetaria sua etnicidade. |
Campanhas publicitárias na Bolívia estimulam cirurgia plástica (Foto: BBC Brasil)
Identidade indígena
Em vários países, cirurgias plásticas são um artigo caro, mas na Bolívia - um dos países mais pobres da América do Sul - a operação é muito barata. Algumas cirurgias para pessoas mais carentes chegam a ser totalmente subsidiadas.
As cirurgias são anunciadas em campanhas publicitárias ao redor Bolívia, com outdoors espalhados nas cidades e até mesmo com crianças distribuindo panfletos.O cirurgião boliviano Richard Herrera afirma já ter feito mais de cinco mil cirurgias do tipo, que estão se popularizando na Bolívia.No seu consultório, o jovem Juan Carlos Calamar, de 19 anos, afirma que sofre descriminação, e por isso procurou o cirurgião."Eu quero melhorar minha imagem. E também quero evitar a humilhação de ser caçoado por causa do meu nariz. É algo muito sério para mim", disse o jovem à BBC."As pessoas me discriminam muito. Eu ouço muitas pessoas dizendo: 'Lá vai o Nariz Grande'. Outros também sofrem com isso."Calamar diz que a cirurgia é feita apenas por causa dos comentários, mas não afeta sua identidade como indígena."Só meu rosto mudará. Minhas raízes e minha cultura vão se manter iguais", afirma.O cirurgião Richard Herrera, que também coordena algumas das campanhas publicitárias, defende o direito dos bolivianos de passarem pelas operações."Nós fizemos essas campanhas com o objetivo de alcançar as pessoas que não poderiam pagar normalmente por este tipo de operação. Agora elas podem, e elas sentem que precisam mudar a sua imagem", afirmou Herrera à BBC.Para o ex-ministro da Cultura da Bolívia e especialista em identidade indígena, Pablo Groux, as cirurgias plásticas como forma de mudar características étnicas são um fenômeno do mundo globalizado e há pouco que se possa fazer para combater isso."Este é um efeito do domínio do padrão de beleza ocidentalizado no mundo. Comunidades Aymara e Quéchua, que ficam nos centros urbanos, não são imunes a essas pressões."
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