Cirurgias plásticas: começou a temporada de busca pela perfeição
Os corpos bonitos do verão começam a ser esculpidos durante o outono e inverno. O clima mais ameno, a menor exposição ao sol e as férias escolares deixam as salas de cirurgia lotadas
Aretha Yarak e Guilherme Rosa
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), as plásticas correspondem a 17% dos procedimentos cirúrgicos do Brasil (Thinkstock)
Uma grande parcela dos corpos perfeitos que desfilam nas praias no verão é resultado de uma maratona que passa longe das academias de ginástica. Começa meses antes, durante o outono e o inverno. Todo ano, nesse período, as clínicas de cirurgia plástica têm um movimento até 40% maior graças a pacientes que procuram principalmente lipoaspiração, aumento dos seios, abdominoplastia e correções no nariz e nas pálpebras.
Para se ter uma ideia do volume a mais que as cirurgias de inverno representam, segundo os dados mais recentes, divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgiões Plásticos Estéticos, os mais de 5.000 cirurgiões plásticos brasileiros realizaram 1,6 milhão de cirurgias em 2009, quase 17% de todos os procedimentos cirúrgicos realizados no Brasil (veja gráfico abaixo). O Brasil é o segundo país onde são realizadas mais cirurgias plásticas, com 1.592.106 procedimento por ano. Só fica atrás dos Estados Unidos, com 1.620.855.
A preferência pelo intervalo entre o fim de maio e o começo de agosto se dá por razões práticas e médicas. Os três meses que separam o período do verão são suficientes para os pacientes se recuperarem plenamente e evitar os efeitos potencialmente nocivos do sol e do calor durante o pós-operatório. . Além disso, quando a temperatura ambiente está mais elevada há vaso dilatação — e consequente maior inchaço.
Os dias abafados do verão ainda representam um incômodo extra para quem se submete a uma cirurgia plástica. A cinta usada depois da operação é grossa, apertada e esquenta muito. A esses fatores junta-se o fato de que as férias escolares aumentam o tempo de repouso dos pacientes, já que não precisam levar e buscar os filhos diariamente.
As férias podem ser ainda uma saída para driblar o choque da mudança. Ao se ausentarem por um tempo da vida social e profissional, os pacientes conseguem esconder o período de inchaço e marcas. De acordo com o último censo feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), referente a 2008, eles respondiam por 12% do total de cirurgias plásticas realizadas no país. "Atualmente, esse porcentual já deve chegar aos 15%", diz José Horácio Aboudib, presidente da SBCP. Entre os procedimentos mais procurados estão o implante de cabelo, a lipoaspiração e as cirurgias de pálpebra e de face.
As cirurgias plásticas mais comuns
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Aumento de mama
O que é: As próteses mamárias podem ser feitas de silicone, de solução salina ou de silicone com solução salina. A mais aceita atualmente é a totalmente de silicone, já que ela garante a melhor textura e palpação, além de trazer resultados mais bonitos. A prótese ajustável, feita de 90% de silicone e 10% de solução salina permite ao cirurgião equilibrar o tamanho dos dois seios, quando há diferença de volume entre as mamas.De acordo com Ronaldo Golcman, chefe da equipe de cirurgia plástica do Hospital Israelita Albert Einstein, existe três maneiras de se colocar a prótese: pela axila, pela aréola e pelo sulco da mama. “O melhor método é pelo sulco, porque não há interferência na mama, você passa por debaixo dela”, diz. Há ainda menos risco de contaminação pelas bactérias que ficam alojadas na aréola, de perda de sensibilidade e mais controle em caso de rompimento de um vaso.
A operação não é indicada para mulheres jovens que ainda não atingiram a maturidade sexual. Em média, o procedimento costuma ser liberado de dois a três anos após a primeira menstruação.
Complicações: São três as complicações mais comuns quando o pós-operatório não é seguido à risca: prejuízos na cicatrização e sangramento e infecção locais. Em alguns casos, pode haver a formação de queloides na cicatriz, que independente da conduta do médico e do paciente. Em menos de 3% dos casos, há chances de acontecer um engrossamento da pele na cicatriz por fora da prótese, o que causa dor, além de deformar o visual.
Transformação – Para aproveitar as vantagens de operar no inverno, alguns pacientes optam por fazer mais de um procedimento ao mesmo tempo. As associações mais comuns são aquelas feitas em regiões do corpo que estão próximas, como mama e barriga. “Essas duas áreas evidenciam uma a outra. Se você tem uma deformidade na mama e uma barriguinha, a operação na mama vai chamar a atenção para a barriga”, diz Golcman. Mas é possível ainda, sem aumento de riscos ao paciente, realizar uma cirurgia na região do tronco, como o abdome, e outra no rosto. "Não é frequente, mas é algo que pode ser feito", diz.
Operações muito longas, entretanto, não são recomendadas. Isso porque elas podem potencializar os riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico. De acordo com os especialistas, o ideal é que a plástica não passe de cinco horas. Acima disso, aumentam os riscos de complicações, como possíveis casos de tromboses e de hipotermia.
Quem não pode
Há uma série de fatores que aumentam o risco de quem passará por uma cirurgia plástica. Saiba quais são eles- •Não se deve tomar aspirina nem ervas medicinais 2 semanas antes e 2 semanas depois da cirurgia. Elas aumentam o risco de sangramentos. O mesmo vale para pessoas com distúrbios de coagulação, como hemofilia e coagulopatias
- •Quem se submeterá a cirurgias na face e no abdome não deve fumar 1 mês antes/depois da cirurgia, sob o risco de aumentar as chances de necrose da pele
- •Álcool também deve ser evitado 2 semanas antes/depois. As bebidas alcoólicas aumentam a retenção de líquido pelo corpo, favorecendo o inchaço depois da cirurgia
- •Quem tem anemia não pode passar por nenhuma cirurgia. A doença acarreta graves problemas de cicatrização
- •Portadores de doenças crônicas descompensadas. Quem tem diabetes pode ter problemas de cicatrização e quem tem problemas cardiorrespiratórios pode enfrentar problemas com a anestesia
- •Os remédios para acne precisam ser suspensos 6 meses antes. Eles aumentam o risco de queloides
- • Não há problema em tomar sol antes da cirurgia, mas nos 2 meses após a operação é preciso evitar, por causa do inchaço
Plásticas sucessivas também representam perigo. Toda operação cria um tecido de cicatrização. Qualquer cirurgia no mesmo local que aconteça depois é mais complicada. “Há riscos dessa segunda cicatriz ter uma 'qualidade inferior': a cicatrização pode ser pior, ela pode ficar mais feia, pode demorar mais para fechar. Quando, por exemplo, são feitas três operações no mesmo lugar, há risco de necrose do tecido local, de depressões, de perda de elasticidade, da cicatriz ficar alargada (em vez de um risquinho, fica uma faixa mais larga) e de uma menor vascularização".
Hora extra – De maio a agosto, o número de cirurgias aumenta tanto que algumas clínicas chegam a ter dificuldades para marcar novos procedimentos. Ano passado, por exemplo, o Hospital Albert Einstein teve 39% mais plásticas no período de maio a agosto, comparado ao quadrimestre de dezembro a março (verão). Para responder a essa demanda, os cirurgiões costumam aumentar a jornada de trabalho, atendendo em finais de semana e feriados. Há casos ainda onde há uma reformulação no processo de trabalho, como na clínica Ivo Pitanguy, no Rio de Janeiro. No local, os atendimentos de consultório e do pós-operatório costumam ser redirecionados a colaboradores devidamente treinados.
Aguardando minha hora!
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